Carlos Barros

Nasci num lar cristão, onde todos acreditavam em Deus, mas nem sempre se comportavam como cristãos: havia muitas discussões acerca da Palavra de Deus, mas o amor de Deus nem sempre era visível nas atitudes familiares.

Eu acabei por conhecer o poder de Deus muito cedo, quando fui curado de um quisto que crescia na dobra do meu joelho. Um dia, na igreja, com cinco anos, pedi a Deus que me livrasse de sofrer de novo aquelas dores e disse à minha mãe que ia pedir-Lhe que me curasse. Depois do culto, já em casa, pedi à minha mãe que visse se ainda o tinha e, quando ela foi ver, já não estava lá nada!

Porém, esta experiência poderosa da minha infância não foi suficiente para me fazer ficar firme. Logo mais, a vergonha de ser crente e a discriminação encheram o meu coração e voltei atrás com a minha fé. Era difícil pois quando íamos para a igreja, pelo caminho, éramos gozados por várias pessoas que nos chamavam protestantes, entre outros nomes. Comecei a atribuir culpas a Deus, esquecendo o que Ele já tinha feito por mim.

Para não me sujeitar àquela vergonha, aos 17 anos, deixei de ir à igreja e comecei a fazer as minhas escolhas. Como não era aceite no meu bairro, por ser crente, procurei amigos no bairro ao lado, onde encontrei um amigo de infância. Comecei a sair com ele e, logo mais, já bebia álcool e fazia o que queria. 

Uma vez, na Zambujeira do Mar, decidi dizer a um amigo que já não queria mais nada com Deus. Nesse mesmo dia, Deus salvou-me a vida por duas vezes!

A primeira quando eu e mais três amigos resolvemos ir dar um mergulho e não conseguíamos sair do mar; estava a tentar ajudar uma amiga e estava prestes a perder as forças, pois ela já desistira e mandava-me para baixo de água; quando vi que não aguentava mais, disse a Deus: “coloca terra debaixo dos meus pés, já não aguento mais” e, mal orei, baixei os pés e tinha chão. Pode parecer ridículo, mas acredito que Deus fez um milagre sem eu o merecer. Nessa mesma noite, caí numa falésia; se tivesse sido um metro mais à direita, tinha caído mais de vinte metros em direção ao chão. Onde caí, apesar do declive acentuado, havia chorões que amorteceram a queda. Saí ileso.

Desde que deixei Deus até chegar às drogas, foi um pulo. Andei mesmo a pedir por não ser capaz de roubar: ainda me restava algum temor a Deus e sabia que, se roubasse, ia preso. Um dia, ao caminhar para casa, comecei a mexer nos caixotes do lixo para ver o que podia encontrar. Nesse preciso momento, tive consciência da minha situação deplorável, comecei a chorar e, naquela noite, clamei ao Senhor: “livra-me deste sofrimento”. A partir desse dia, a minha vida mudou. Foi um processo longo, com muitas pessoas envolvidas e principalmente Deus.

Entretanto, um dia, fui a um café-convívio e vi uma mulher que servia o chá, falava com os rapazes como iguais e cantava no louvor. Na altura pensei: “Era muito bom se pudesse ter uma mulher assim!” Depois de ter feito o programa, Deus deu-me como esposa essa mesma mulher, hoje a “minha cara-metade”. Naquilo que falho, ela é forte; naquilo que eu sou bom, ela é mais fraca, mas temos vindo a crescer e a melhorar com a ajuda de Deus. Ele deu-me também dois filhos maravilhosos, um menino dos meus sonhos e uma princesa linda.

Por fim, Deus ajudou-me a realizar um sonho de criança – ser dono de uma empresa de informática, mais um pormenor em que Deus foi fiel.

Estou muito grato a todos aqueles que, no Desafio Jovem, deram parte das suas vidas para me ajudar. Espero que este testemunho seja de bênção e possa ajudar quem necessite de ver a presença de Deus, mesmo nos momentos em que não O conseguimos ver. Ele está sempre presente.