Rui Paulino

Olá, graça e paz!

O intuito do meu testemunho é exaltar o nome de Jesus, como conheci este grande Deus cheio de misericórdia, Graça abundante e amor. Também não posso descorar como cheguei ao Desafio jovem, como conheci pessoas que O serviam ajudando pessoas problemáticas como eu. Tenho gravada na minha memória a fisionomia das pessoas desde as ruas até ao ingresso no Desafio Jovem.

Passo a contar-vos parte da minha história, como tudo começou:

O meu nome é Rui Paulino, oriundo de Sarilhos Pequenos, de familía humilde, cresci num lar disfuncional. Em toda a minha infância e na minha inocência fiquei muito susceptivel ao mau ambiente que corroeu todo o meu ser. Falo de traumas, medos, vergonha, solidão, incapacidade de me relacionar com medo de não dar certo. Na escola muito calado, introvertido, escondido, foi assim que cresci.

Aos 12 anos mudámos de residência para o Barreiro. Aí frequentei a escola preparatória e secundária com grande dificuldade em ambientar-me e muito difícil adaptação à nova realidade. Experimentei drogas que me fizeram despertar e que me fizeram viver um pouco, tornei-me extrovertido, nunca para me divertir mas sim para me esconder de mim próprio. Não demorei muito a conhecer o LSD e a tornar-me um hippie. A transformação foi radical, as roupas, cabelos compridos, os ideais de uma sociedade livre apaixonou-me e depressa me tornei numa pessoa aceitável nos grupos e ambientes. O verdadeiro caos chegou quando conheci a heroína, droga consumida esporadicamente, mas não tardou muito a fazê-la parte de mim mesmo. O vício tinha consumido tudo aquilo que eu tinha atingido, por meio do trabalho. As perdas foram grandes e os meus valores destruídos, tendo denegrido tudo o que restava de mim. A solidão sempre me acompanhou ainda que estivesse rodeado de pessoas, o melhor seria a morte, pensava eu. Este pensamento permanecia constante e a crescer no meu interior. As ruas eram minhas e o dormitório qualquer canto servia. A dor era forte, as lágrimas corriam cara a baixo e o sangue corria-me nos braços quando adormecia a injetar-me. Alguns locais para dormir pareciam conhecer-me, quando lá chegava falavam comigo (lembro-me perfeitamente).

O desgosto dos meus pais era enorme, desconhecendo as causas que me levaram a esta vida. Sem os acusar de nada, como se deve calcular, amava-os com todo o meu coração.

A violência nunca fez parte de mim, do meu percurso nas drogas, havia quem a usasse, no grupo, mas o meu lema era a paz através das mesmas. Eu e a natureza eramos um só, era assim que pensava. Os livros que lia faziam parte de religiões orientais e o ocultismo também me fascinava. Tudo aquilo que pensava ser a minha liberdade tornou-se a minha própria escravidão.

Já nada restava de mim, procurei a reabilitação sem êxito nenhum, isolava-me em casa tomando comprimidos. Frequentei clínicas, hospitais mas a heroína era mais forte que tudo, sempre voltava ao consumo.

Quando já não tinha ponta por onde se pegasse alguém se interessou por mim, duas senhoras que me procuravam e falavam de um Jesus que me amava. Para mim, qualquer coisa servia desde que me livrasse daquela escravatura.

Estas senhoras pertenciam a um grupo cristão que fazia trabalho de rua e que frequentavam um café convívio no Lavradio.

Passado um tempo comecei a frequentar, porque sempre me davam alimentos e me falavam de um Jesus de paz. Acontecia dois dias por semana. Comecei por ser aconselhado e a tentar perceber o que movia aquela gente para me darem aquela atenção. Soube que estavam ligados a um centro chamado Desafio Jovem onde um amigo meu se tinha curado, Francisco Mingates (o Pôpas para mim). Ouvi os seus testemunhos e pregrações em igrejas e isso foi me fortalecendo.

Marques da Silva era o café convivio principal em Lisboa e várias vezes também o frequentei. Decidi experimentar o centro porque tive gente comigo que me ajudou para tal. Um certo João Martins fez-me a entrevista para admissão.

Mais tarde recebi a notícia para entrar, com muito pouca vontade, lá fui. Tudo era estranho para mim, dias e dias sem dormir. Ao fim de 15 dias decidi sair (aconteceu 1987) e voltei aos consumos.

Dia 15 de Janeiro de 1991 voltei a entrar, completamente destruído, sem mais meios de voltar atrás. 28 dias sem dormir dolorosamente passados com abstinência, meu suor era como da cor do leite e todos os dias alguém me falava que Jesus me amava.

A primeira evidência desse amor, que me fez despertar, aconteceu quando numa noite decidi sair da cama e ir para a capela. Ajoelhei-me, chorei muito sem forças e gritei a esse Deus que me salvasse e que me tirasse daquela aflição. Quando regressei a minha cama algo aconteceu comigo e ficou como se uma tatuagem me marcasse.

Por volta das 8h da manhã tocava a campainha da alvorada e eu acordei e gritava “estive a dormir, MILAGRE, MILAGRE”. A partir desse acontecimento comecei por dormir algumas horas nas noites seguintes. O processo foi lento e pouco a pouco também conheci esse tal Jesus que a biblia fala e os aconselhamentos valeram.

Fiz 13 meses de programa em Fanhões e um tempo no Lourel a trabalhar nalgumas obras na comunidade.

Vim para a casa de saída em Setubal e aí permaneci 2 anos, trabalhando na padaria do “Pôpas”. O percurso sempre foi difícil mas valeu a pena, conheci o Salvador que se falava e muitos milagres aconteceram até hoje.

Glória e honra a Jesus.